Do Primitivo ao Moderno

Projeto Ateliê Casa e Programa Mais Cultura

O Ingênuo, Contestador e Atual.

As exposições coletivas de arte são caracterizadas muitas vezes pela temática específica, cronologia de um determinado período, de escolas, suas técnicas ou ainda tendências que possam ser observadas. Esta mostra que o Ateliê Casa propõe e promove seguramente se caracteriza pela excelência.

Podemos afirmar que a mostra é um pequeno banquete (symposium, como diziam os gregos) de artistas contestadores e críticos aguçados, e não somente em um sentido político ou de vertente social, mas sobre tudo, na erudição de um senso estético, do domínio, não apenas técnico, mas em muitos casos, filosófico, de todos os seus meios de expressão utilizados com maestria em seu processo de construção de cada obra.

Longe dos fundamentalismos das vanguardas, nota-se a maturidade ainda precoce de artistas ainda muito jovens como Galli Fiorillo e Adélio Sarro, através de obras já não tão recentes em suas trajetórias e ao mesmo tempo, tão atuais aos nossos dias tanto em sua temática como em sua força criativa de expressividade rasgada.

Encontraremos o frescor da jovialidade de representar o passado de uma maneira tão atual por meio de uma linguagem pictórica essencialmente contemporânea no trabalho de Milton Mello, chegando até as tradições completamente renovadas dos grandes modernistas, observadas nas obras de Luan e também Geziel Gonçalves.

Já não é assim tão simples falar de “modernos”, há com certeza uma exigência maior de rigor nas classificações, moderno, é o fresco, “clássico” de seu tempo, aquilo que em si se renova, instiga e sobre tudo, desafia sem medo, o olhar do observador.

Exatamente desta ótica, entra em cena o lado oposto, que na maior parte das vezes, surge como um componente substancial; O Popular. Sejam em seu viés ingênuo e primitivo, todas as tendências em absoluto, acabam de uma maneira ou de outra, por beber desta fonte generosa da cultura popular nacional.

A partir desta constatação, o elemento popular é rico e iluminado, através de artistas como Chico da Silva, Yuji Arimizzu, Fogaça, Pina, Vaqueiro, e ainda representado em um módulo especial com algumas obras de Dubai Galera.

Esperamos e desejamos de maneira sincera, promover um diálogo entusiasmado entre dois polos tão distintos que nas suas sólidas fundações se mostram fundamentais e complementares um para o outro, independente da ordem que possam estar os fatores.

Evandro Cardoso

Curador da Exposição